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Assédio Moral é tema de palestra no Grupo CEEE

Engenheira da Corsan, Vera Deco discutiu os tipos de assédio e forneceu conselhos para evitar o problema nas empresas

Por admin / Publicado: 16/09/2010 Última modificação: 18/10/2019 16h27

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O assédio moral e os prejuízos acarretados às empresas por conta desta modalidade de violência psicológica foi o tema de palestra ocorrida no último dia 16, durante a programação da Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho (Sipat) do Grupo CEEE. No auditório do Centro Administrativo da Companhia, a engenheira Vera Deco, vice-presidente da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (Cipa) da Corsan, deu seu testemunho sobre o tema, já que fora vítima de assédio moral no trabalho e, por conta desta experiência, foi a responsável pela elaboração de cartilha sobre o assunto na Corsan.

 

Apesar de não ser uma especialista neste tópico, Vera pesquisou amplamente as características do assédio moral e buscou informações junto a psicólogos e advogados. De acordo com a palestrante, assédio moral é toda e qualquer atitude, ação, gestou ou palavra de uma pessoa em relação a outra com o objetivo de humilhar, submeter, desqualificar a vítima, dominar ou destruir. O que o distingue de um mero conflito é a freqüência com que é praticado, já que é planejado, tem ação prolongada e é intencional. “Eu precisei estudar o assunto, até para entender o que estava acontecendo. Eu vivenciei este problema por oito meses. Trata-se de uma forma de violência, com foco na saúde do trabalhador. Vale ressaltar que o agressor tem plena consciência do que está fazendo, embora negue e tente inverter a situação. Ao nos manifestarmos contra o assédio moral, estamos agindo a favor da empresa na qual trabalhamos”, argumentou.

 

Vera enfatizou os diferentes tipos de assédio: o descendente, que ocorre de forma vertical, da chefia em relação aos subordinados; paritário, que ocorre de forma horizontal e se dá quando um colega isola e assedia outro, visto como potencial concorrente ao se destacar, por algum motivo, perante a chefia, e o ascendente, vertical como o descendente, mas que parte dos subordinados em relação aos superiores. A violência psicológica praticada pode ser sutil, realizada de forma jocosa e nem sempre inclui agressões verbais. Por conta destas características, a vítima tende a perceber tardiamente o assédio moral.

 

Grupos mais atingidos, danos e modos de agir

 

A engenheira da Corsan citou os alvos preferenciais do assédio moral. Além de homossexuais e afrodescendentes, pesquisas sobre o tema indicam que as mulheres estão entre as principais vítimas, sobretudo aquelas de personalidade marcante, que tendem a resistir às investidas da chefia, e que demonstrem criatividade e competência no que fazem. Os agressores estudam a personalidade do alvo e se prendem a algum aspecto de fragilidade do assediado. “Os humilhados não são incompetentes, geralmente são muito preparados e, por isso, o agressor age de modo a desmoralizá-lo, a rebaixá-lo, desqualificando seu trabalho. O agressor pode, por exemplo, desviar o assediado do exercício de suas funções, isolá-lo através da proibição de comunicação com colegas e impor algum tipo de obstáculo à execução do trabalho”, enumera a palestrante.

 

Competitividade, insegurança e ineficiência na liderança de equipes estão entre as principais características da personalidade deste tipo de agressor que, por medo de perder privilégios, adota a postura de eliminar qualquer indivíduo que veja como um obstáculo. Vera conta que o assédio moral sempre existiu, porém foi acentuado com a globalização, em virtude da crescente competitividade no mercado de trabalho e da maior flexibilidade de funções. Além do absenteísmo nas empresas, o assédio pode desencadear danos diversos à saúde física, depressão, crises de choro nas mulheres e de raiva, mais comuns entre os homens.

 

Segundo a palestrante, como o assunto é relativamente novo, as empresas ainda não estão preparadas para enfrentá-lo. Ela acredita que as chefias deveriam passar por algum tipo de capacitação sobre este tema tão atual, que enaltecesse a importância do trabalho em equipe e estimulasse a cooperação. “Ainda não há preparo suficiente para lidar com o assédio moral. As vítimas, que em geral se isolam, por se sentirem, no íntimo, humilhadas, precisam de imediato acolhimento laboral, psicológico e emocional. É necessário fortalecer os laços com os colegas. É preciso entender, ainda, que os afetados pelo assédio moral sentem uma grande necessidade de desabafar, de abordar constantemente a experiência vivida. A vítima de assédio moral precisa se sentir reparada. No meu caso, lembro que, após o horário de expediente, eu e os colegas vitimados nos encontrávamos para conversar sobre a situação”, recorda Vera.

 

Vera frisou que o assédio moral deteriora todo o ambiente de trabalho e gera grandes prejuízos empresariais: equipes podem ser dissolvidas porque não querem trabalhar com o causador de assédio moral e funcionários talentosos em determinada área são afastados – até com o propósito de evitar desfechos negativos. A palestrante salientou, entretanto, que não basta apenas afastar o assediado do agressor, transferindo-o para outro setor, e que o ideal é que os agressores sejam punidos de alguma forma, com a destituição do chefe responsável pelo assédio moral. No caso do assédio paritário, não deve ser permitido ao colega agressor a ascenção a cargos de chefia, de modo a evitar a repetição do problema. A palestrante lembrou, ainda, o comportamento de colegas e testemunhas de assédio. Há aqueles que evitam o envolvimento e se calam diante dos fatos e outros que até se aliam ao agressor, na esperança de obter algum benefício ou por medo.

 

A palestrante considera que a Justiça deve ser acionada em último caso, quando todas as tentativas estiverem esgotadas. Para se defender desta forma de violência, a palestrante orienta o assediado a se organizar e a reunir o maior número de provas possíveis, como e-mails, relatórios e gravações, a buscar o apoio de testemunhas, a procurar atendimento psicológico e jurídico e a relatar o episódio de assédio a sua Cipa e sindicato. Uma boa alternativa seria a instauração de comissões internas de assédio moral nas empresas, as quais poderiam receber denúncias e contar com a participação de um superintendente do Ministério do Trabalho, de modo a intervir na situação e impedir que culmine com ações judiciais.

 

 

Texto: Carla Damasceno Ferreira. Foto: Beto Rodrigues. ACS/Grupo CEEE.

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